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Transição energética: principais caminhos para um futuro mais sustentável

por ANAFISCO

A transição energética refere-se à mudança do uso de fontes de energia não renováveis, como carvão e petróleo, para fontes renováveis, como energia solar e eólica. Segundo uma matéria opinativa do Valor Econômico, desde 1970, mesmo com os diversos problemas ambientais e sociais causados pela energia fóssil, o consumo mundial dessas fontes ainda se mantém em torno de 80%.

Para que a transição energética seja viável e eficiente na redução dos gases de efeito estufa e da poluição, é preciso investir em fontes limpas, como a energia eólica e a solar fotovoltaica.  Contudo, essas fontes dependem da ocorrência aleatória dos ventos e da luz solar abundante, dificultando a consistência na geração de energia e, consequentemente, a transição energética. Mesmo assim, a transição energética é vista como necessária.

Nesse sentido, as principais fontes de energia renovável são conseguidas por meio de fluxos energéticos que ocorrem naturalmente no planeta. Alguns exemplos incluem radiação solar, ventos, chuvas, correntes oceânicas, marés e ondas. A principal vantagem da energia renovável é sua origem direta ou indireta na luz solar, o que faz dessas fontes opções não poluentes e sustentáveis.

Desafios e avanços na transição energética

Acredita-se que as potências energéticas das fontes renováveis são imensas. A título de exemplo, a potência média mundial consumida pela humanidade é de aproximadamente 20 TW. No entanto, a soma dos valores dos fluxos de energia que ocorrem naturalmente na superfície da Terra é milhares de vezes superior à potência total que utilizamos atualmente.

O fluxo de 80 mil TW que aquece a superfície do planeta evidencia o maior potencial para a geração de energia renovável. Além disso, o fluxo de 40 mil TW que evapora as águas para produzir chuvas que abastecem as nascentes e irrigam plantações também é significativo. Todavia, a destruição de florestas prejudica esse ciclo, uma vez que as chuvas escorrem ao invés de infiltrar no solo, causando enchentes catastróficas e voltando rapidamente aos rios e oceanos.

O papel dos oceanos na transição energética

A maioria do fluxo dominante de 80 mil TW está concentrada nos oceanos, que cobrem cerca de 71% da superfície do planeta. A zona oceânica equatorial, em especial, é a mais propícia para coletar a radiação solar e absorve diariamente uma energia equivalente a 170 bilhões de barris de petróleo.

O Valor Econômico contextualiza que, nesta faixa oceânica tropical, de 20ºS até 20ºN, a diferença de temperatura entre a superfície aquecida e as águas profundas gera um gradiente térmico permanente superior a 22ºC, que pode ser utilizado para gerar energia limpa de forma contínua.

No litoral brasileiro, essa diferença de temperaturas acontece desde Vitória (ES) até o norte do Amapá, tornando possível a instalação de usinas térmicas oceânicas que usam a amônia como fluido de trabalho. Esse tipo de usina, conhecido como OTEC (Ocean Thermal Energy Conversion), já atua em escala piloto no Havaí, Japão e Índia, oferecendo uma fonte renovável de energia 24×7.

Tecnologias de ciclo fechado e suas vantagens

Ao usar OTECs de ciclo fechado, a água morna da superfície do oceano aquece a amônia líquida, que, ao se transformar em vapor, aciona uma unidade turbo geradora para produzir energia elétrica limpa. A água fria bombeada do fundo do oceano condensa o vapor de amônia, completando o ciclo Rankine. Esse processo não só gera energia limpa de forma contínua, como também melhora a qualidade da água na superfície dos oceanos, beneficiando a pesca e a preservação dos corais.

O material do Valor Econômico também destaca que o custo do quilowatt-hora (kWh) das OTECs é competitivo em relação ao kWh das usinas termelétricas a diesel. Principalmente em ilhas, onde o espaço para a instalação de usinas fotovoltaicas é limitado, as OTECs oferecem uma solução eficiente e sustentável. Por exemplo, no programa Noronha Carbono Zero, que pretende zerar a emissão de gases de efeito estufa até 2030, as OTECs poderiam substituir o diesel como principal fonte de energia.

Por último, é ressaltado pelo jornal que a tecnologia das OTECs tem semelhanças com a empregada em plataformas marítimas de petróleo, permitindo que profissionais especializados na exploração offshore atuem em usinas desse tipo. Isso contribui para acelerar a transição energética, oferecendo novas oportunidades para trabalhadores da indústria fóssil e promovendo um futuro mais sustentável.

Créditos imagem: nazar_ab / Getty Images Signature

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