Home ANAFISCO Macaco Tião: um candidato a prefeito pouco comum

Macaco Tião: um candidato a prefeito pouco comum

por ANAFISCO

O Brasil não é para iniciantes. Em 1988, a cidade do Rio de Janeiro por pouco não elegeu um macaco como prefeito. Macaco Tião, como era popularmente conhecido, fazia caretas e andava com a postura reta, e era a estrela do zoológico. O slogan da campanha era: “Tião, Tião, o candidato do povão”.

Macaco Tião surgiu como opção na eleição de 1988 para prefeitura do Rio de Janeiro, logo após a aprovação da nova constituição.

Sua candidatura surgiu como uma piada da revista Casseta Popular, formada por pessoas que, no futuro, se juntariam a outras para formar o Casseta e Planeta.

O que era piada foi ganhando espaço. Em qualquer esquina do Rio ou São Paulo era muito difícil encontrar alguém que não falasse do macaco.

 A brincadeira ganhou forma e Tião teve direito até a campanha de lançamento, com apresentação do show no Circo Voador, camiseta, broche e santinho.

Como na época a votação era por papel, o resultado foi surpreendente: 400 mil pessoas – que queriam demonstrar uma enorme insatisfação política através do voto de protesto  – votaram em Tião nas cédulas.

O macaco Tião ficou na frente do Roberto Jefferson, recebendo a terceira maior votação.

Quem era o macaco Tião

Tião era um chimpanzé do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro e seu nome “Tião” era uma homenagem a São Sebastião, o padroeiro do Rio de Janeiro

 O chimpanzé foi criado, desde pequeno, por um antigo tratador do zoo que dispensava a ele cuidados especiais. 

Eles eram tão amigos que, de acordo com relatos, os dois andavam juntos pelo Zoológico tratando de outros animais, primeiramente de mãos dadas, com Tião ainda pequeno, e depois, abraçados como dois velhos amigos. 

Foi assim que Tião se acostumou à postura ereta e a outros comportamentos humanos. 

Fernanda Esteves,  jornalista da Rede Globo escreveu: “Grande, foi ficando cada dia mais difícil de ser controlado pelo tratador. Grande e forte demais, Tião passou a ficar preso como os outros animais, e se tornou revoltado. Ele não é qualquer um do Zoológico do Rio. Ele tem hábitos especiais, tem estilo e intenções diabólicas que a gente nota pelo jeito de olhar”.

Tião viveu até os 33 anos, vindo a falecer de diabetes em 1996. Seus restos mortais foram levados para o Centro de Primatologia do Estado do Rio de Janeiro, em Guapimirim, e seu esqueleto foi preservado.

Repercussão

O famoso chimpanzé virou inspiração para a escritora Isa Colli em seu novo livro “Incêndio do Museu”. Na história, Tião ganha o nome de Lincon. 

“Eu nasci no Espírito Santo, hoje moro na Bélgica, mas vivi muitos anos no Rio de Janeiro e sempre tive paixão pelo Museu Nacional, pelo Jardim Zoológico e pelo macaco Tião. Quando aconteceu o trágico incêndio, fiquei muito emocionada e passou um filme na minha cabeça das tantas tardes que passei na Quinta da Boa Vista. Um tempo depois, me veio a inspiração para escrever o livro e quis homenagear o Tião”, conta Isa Colli.

Por fim, Tião também entrou para o Guinness Book como o chimpanzé mais votado no planeta e um documentário sobre ele foi lançado em 2017, mostrando os eventos que envolveram os bastidores da campanha política de 1988 do Rio de Janeiro.

Você também pode se interessar por

Deixar um Comentário