Quem olhar da beira do rio vai enxergar uma espécie de jardim suspenso na margem. As raízes das plantas quase sempre nativas são as responsáveis por fazer o trabalho. A ideia é que os sedimentos dispersos grudem nas plantas ou então precipitem no fundo, parando de circular, portanto, na água. “Essa é uma parte do sistema. A outra envolve a instalação de barreiras filtrantes perpendiculares ao rio, também feitas com fibras orgânicas”, explica o engenheiro marianense. Segundo Pessôa, o trunfo do sistema, além de ser de baixo custo, é que ele usa apenas matérias-primas naturais e não precisa de nenhum tipo de energia para operar.
“Depois da validação da tecnologia no Vale do Rio Doce, nós descobrimos que o sistema também tem aptidão para ser usado de outras maneiras. Como, por exemplo, no tratamento dos efluentes da indústria da mineração”, explica o criador da LiaMarinha.
Por meio de resíduos disponíveis em cada região, como esterco de porcos e aves, casca de arroz ou bagaço da cana, são criadas condições para que microrganismos se desenvolvam nas piscinas de água de rejeito que existem perto das minas. Conclusão: muitos dos contaminantes que podem virar dor de cabeça para o setor acabam sendo eliminados por meio da biorremediação que ocorre no local. “No caso dos testes com a CSN, em Santa Catarina, reduziu-se, em média, em 95% o alumínio, em 80% o ferro, em 65% os sulfatos e em 80% os compostos sólidos”, afirma Pessôa.
SALDO. O resultado final é que os metais pesados presentes na água de rejeito da mineração são transformados pelo microrganismos e a água deixa de ser tóxica. “Também usamos os conceitos da economia circular ao fazer com que resíduos sejam usados no processo”, diz Pessôa. Menos toxicidade, em caso de acidentes, será importante para proteger as populações do entorno das minas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.