O Real não é a única moeda em circulação no Brasil. Além dele, segundo a Rede Brasileira de Bancos Comunitários, há no país pelo menos 103 moedas sociais, que também são conhecidas como complementares. Mas esse número pode ser ainda maior.
Trata-se de moedas que não substituem o Real, mas forçam o dinheiro a circular dentro da comunidade. É que elas são lastreadas à moeda nacional, mas só valem no comércio local. Ou seja, a riqueza gerada em uma comunidade é obrigatoriamente reinvestida ali mesmo. Entenda:
História
O primeiro banco comunitário, instituição que emite uma moeda social, foi o Banco Palmas, do Conjunto Palmeiras, na periferia de Fortaleza. Em 1998, uma pesquisa constatou que 90% da população da região tinha renda familiar abaixo de dois salários mínimos. O Banco surgiu então para garantir microcréditos que não necessariamente pediam comprovação de renda e estimulavam a produção e consumo local. Três anos depois, criou-se a Palma, moeda usada pelos moradores da comunidade.
Onde circulam
A partir do Banco Palmas, outras localidades do país criaram bancos comunitários. São favelas, comunidades quilombolas, aldeias indígenas, assentamentos e vilas de pescadores ou áreas rurais marcadas pela ausência do Estado e pela inexistência de bancos tradicionais. Estima-se que entre 2015 e 2018 as transações com as moedas sociais somaram R$ 42 milhões.
Quais são e quem dá o nome
Além da Palma, circulam no Brasil o Gostoso (de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte), o Maracanã (de Maracanaú, no Ceará), a Terra (de Vila Velha, no Espírito Santo), a Mumbuca (de Maricá, no Rio de janeiro), o Justo (de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul), entre tantas outras. Os nomes, em geral, são inspirados no nome da cidade ou em personalidades da própria comunidade.
Diferenças entre bancos convencionais e comunitários
Embora sirvam para comprar e vender produtos ou serviços, as moedas sociais não podem ser confundidas com dinheiro. Não é possível especular usando uma moeda social, investindo em ações, por exemplo. E, ao contrário dos bancos convencionais, o objetivo de um banco comunitário não é gerar lucro, e sim desenvolver a comunidade, organizando e estimulando a economia local, em vez de promover disputas por dinheiro.
Também não há donos e acionistas, os empréstimos são feitos com base na confiança (enquanto os bancos convencionais se baseiam em garantias como renda, patrimônio e fiador) e as decisões são tomadas coletivamente.
Não é só no Brasil
O Brasil não é o único país com moedas sociais. Há comunidades em países como Nova Zelândia, Austrália, Reino Unido, França, Estados Unidos e Alemanha que também têm moedas complementares.
Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2019/08/moedas-sociais-saiba-como-funciona-economia-alternativa-no-brasil.html