A auditora fiscal do Rio Grande do Norte Alyne Bautista foi presa na manhã desta quarta-feira (14) pela Delegacia de Combate à Corrupção do Estado (DECCOR), o marido da auditora, Wilson Azevedo acredita que a detenção foi represália por Bautista ter feito denúncias que envolvia um juiz de Natal. As denúncias feitas pela procuradora envolviam compras irregulares sem licitação de cartilhas do total de R$ 4 milhões por parte do Governo do Estado, durante as gestões de Robinson Faria e Fátima Bezerra, o material foi produzido por uma empresa do juiz Jarbas Bezerra da 16ª Vara Criminal de Natal. Em entrevista ao programa 12 Em Ponto 98 desta quinta-feira (15), Azevedo disse que a sua esposa está sofrendo perseguição.
“O processo está em sigilo de Justiça e foi muito difícil os nossos advogados conseguirem pelo menos levantar o que foi a ordem de prisão. Ainda estamos atrás de saber qual foi a motivação e a alegação dada para isso”, disse.
A Polícia Civil confirmou a prisão de uma auditora pelos crimes de abuso de autoridade e desobediência, realizada nesta quarta-feira (14), em sua residência pela DECCOR, no bairro Tirool em Natal. De acordo com a polícia o mandado de prisão foi expedido pela 4a Vara Criminal da Comarca de Natal. A prisão foi decretada nos autos de uma ação penal em que a servidora pública figura como ré. A polícia informou que “a medida cautelar decretada pela Justiça teve como fundamento o risco à integridade física de vítimas e testemunhas, assim como a necessidade de resguardar a ordem pública e a instrução criminal”.
“Esse já é o oitavo processo aberto sempre dentro do mesmo contexto que é uma perseguição, a Alyne por ter sido a denunciante de uma suspeita de atos irregulares que ela observou e teve a coragem de denunciar”, disse Wilson Azevedo.
O juiz Jarbas foi presidente do Programa Brasileiro de Educação e Cidadania (Probec) durante a gestão de Robinson Faria, o órgão da secretaria estadual de Educação era responsável por promover a cidadania entre jovens. Segundo a denúncia da auditora, o RN teria comprado livros produzidos pela empresa do juiz no valor total de R$ 4 milhões, quando a própria secretaria de Educação tinha cerca de seis mil livros atuais sobre o mesmo tema doados pelo Governo do Ceará, que nunca tinha sido distribuído. Jarbas era um dos proprietários da empresa que vendeu sem licitação R$ 4 milhões em livros voltados para a promoção de cidadania entre jovens, efetuada pela secretaria de Educação do Estado.
Duas compras teriam sido realizadas pelo governo de Robinson Faria (PSD), uma pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), e uma última na gestão da atual governadora Fátima Bezerra (PT), também via Secretaria de Educação. Alyne foi designada para trabalhar em um grupo de fiscalização da Secretaria de Educação do Estado, e segundo Wilson, a auditora começou a perceber irregularidades.
“A partir do momento que ela começou a questionar começou a perseguição, aí ela percebeu que isso era uma coisa muito mais séria pelas respostas que ela começou a receber e fez a comunicação do que ela observou aos órgãos competentes”, contou.
Segundo Wilson a polícia chegou a residência dele e da esposa por volta das 6h da quarta-feira (14) com armamento pesado, segundo ele, a equipe iria cumprir primeiramente um mandado de busca e apreensão e recolheram bens no imóvel do casal, computador, celular e pen drives. Após apreender os bens, os agentes anunciaram a prisão de Alyne.
“Ela foi levada e colocada no Centro de Detenção Provisória Feminina em Parnamirim, onde ela está ainda hoje. Nós estávamos em um contexto de isolamento social por conta da Covid, porque tanto eu quanto ela somos grupo de risco. Alyne é diabética e tem uma cardiopatia, então ela é duplamente grupo de risco e isso foi rompido de forma forçada”, disse Wilson.
O marido da auditora contou que a esposa está em uma cela coletiva apesar de ser portadora de diploma superior e ter problemas saúde. Ele disse ainda que no momento da prisão não foi explicado o motivo do ato, relataram apenas que a ordem havia sido expedida por uma juíza. Wilson disse que só foi informado do motivo da detenção no final da tarde da quarta-feira, após insistência dos advogados de defesa, e completou afirmando que pelo processo estar em sigilo está havendo dificuldades de acesso ao processo.
Fonte: https://98fmnatal.com.br/auditora-fiscal-denuncia-juiz-do-rn-e-vai-parar-na-cadeia-perseguicao-diz-marido/